#01 - Tem alguém ai?
Voltando como se nada tivesse acontecido mas: aconteceu, e como aconteceu...
Eu me questionei algumas vezes sobre voltar a escrever. Sempre conto que a escrita entrou na minha vida antes de eu saber pegar em uma caneta, ou um lápis, ou qualquer outra coisa que você utilize para isso. E talvez o fato da pessoa que escrevia meus pensamentos aos 4 anos de idade não estar mais nesse plano tenha me afastado da ideia de voltar com essa prática. Acontece, eu ainda sinto muito.
Tive muitas ideias de como retomar isso aqui. Muitas mesmo. Eu queria falar sobre comunicação, sobre meus momentos de reflexão, sobre o que aconteceu na minha vida mas no fim, eu não fiz nada disso. Acho que no fim das contas a gente tem que começar de algum lugar e, como já me disseram uma vez, começar do começo pode ser uma boa ideia.
Tem alguém ai? Eu me perguntei isso por alguns meses. Eu ainda me pergunto. O luto mexe com a gente, né? E eu fui revirada nos últimos meses porque perdi muita coisa que importava. Acontece que no fim, o que importa mesmo mesmo mesmo sou eu aqui, escrevendo, vivendo, respirando, vendo sentindo no que eu faço e como eu faço.
Eu me perdi no meio do caminho. Segui uma estrada meio escura, sem luz no fim do túnel, mesmo sabendo que esse caminho não era o ideal a ser seguido, continuei acreditando que algo mudaria. E não mudou. Quando me dei por mim, perdi o caminho, a força, a vontade e a crença. Perder a crença é sempre a pior coisa a se perder, principalmente quando você perde a crença em você mesma.
Sim sim, eu sei, esse texto tá ficando meio melancólico, mas prometo que estou bem. Eu sempre estou bem e gosto de repetir isso quando questionam minha estabilidade. O “bem” não é exatamente sobre ser estável, é sobre acreditar que tudo se resolve no fim do dia. E eu acredito, eu voltei a acreditar.
Dos fundos do poço que eu cheguei e assim como diz Alcione: só tem um lugar pra olhar e é pra cima, retomei o sentido da existência assim como quem volta como se nada tivesse acontecido mesmo que muita coisa tenha acontecido. E tá tudo bem.
E assim eu vou voltando e espero que você ai do outro lado não me espere, mas me abrace quando eu voltar e questione se está tudo bem, me conte suas fofocas, me chame para tomar uma cerveja e, o que eu valorizo muito, ainda esteja disponível para me ler.
Nos vemos em breve. Sem promessas.
Com carinho,
Pryscila
Música da semana
Eu gosto muito do Doug O, e tive o prazer de assinar a assessoria de imprensa dele no lançamento do último EP, chamado VAGABUNDO CHIQUE. Eu gosto muito dessa música porque ela traz a incerteza do ir, do ficar e de como no fim a gente é humano com vontades, egos e anseios. Tô ouvindo essa no looping, indico demais.